12.10.2008

Meus oito anos - Casimiro de Abreu

Meus oito anos

Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
- Pés descalços, braços nus
- Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

................................

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!

Fonte: http://www.jornaldepoesia.jor.br/casi.html#meus

Porquinho-da-Índia Manuel Bandeira

Porquinho-da-Índia

Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele prá sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . .
— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.

Fonte: http://www.jornaldepoesia.jor.br/belo17.html

Escrevivendo “Memórias”: 2º Módulo – 5º Encontro

Conteúdos:
Troca das memórias em duplas. Introdução à noção de parágrafo. Apresentação das ferramentas para iniciação na blogagem. Discussão sobre a função do blog no Escrevivendo.
Convidada especial: Loreta Russo do Escrevivendo Memórias Eróticas (Casa das Rosas).

Objetivos:
Dar continuidade ao trabalho com as memórias, dando ênfase, nesta ocasião, a troca dos textos em duplas, para que se desperte o olhar crítico de um leitor e não somente de um escritor, por parte dos escreviventes. Apresentação das ferramentas para se criar um blog e discussão sobre sua função no Escrevivendo.

Meus caros,
O nosso quinto encontro foi bem especial. Em primeiro lugar, por que tivemos a ilustre presença da nossa companheira do Escrevivendo Memórias Eróticas, Loreta Russo, que veio nos auxiliar na explicação sobre como criar um blog pessoal. Em segundo lugar, por termos partido para a ação e começarmos as trocas, em duplas, dos textos de memórias dos escreviventes.

No início da aula, Loreta apresentou-se, contou um pouco sobre a oficina que ministrou semelhante a nossa, na Casa das Rosas. Lemos também o texto da escrevivente Claudice, que relatou, em suas memórias, a infância com os irmãos e primos numa cidade litorânea de Alagoas. Muito lindo!!

Em seguida, comentamos o texto lido e aproveitamos o ensejo para entrar na noção de parágrafo que, assim como coesão e coerência, comentados na aula passada, se faz muito presente nos textos. Perguntamos aos escreviventes: O que é o parágrafo? Para que serve? Quais as qualidades do parágrafo? Qual é a estrutura de um parágrafo padrão? Posteriormente, distribuímos um material para os participantes com explicações mais detalhadas sobre a noção de parágrafo e definições de coesão e coerência.

Terminada esta breve discussão, partimos para a atividade de troca dos textos das memórias em duplas. Cada integrante da dupla ficaria com texto do colega, leria com mais atenção, comentaria, observando os aspectos textuais discutidos, entre outros, e posteriormente, devolveriam para o colega, que em sala passaria o texto a limpo, para que pudéssemos corrigí-los e comentá-los ao longo da semana. A atividade, para nossa surpresa, rendeu bastante! Foram 50 minutos reservados para ler e comentar os textos dos colegas e mais 10 minutos para que pudessem passar a limpo.

Assim como a atividade de leitura das duas aulas anteriores, a atividade de troca se mostrou muito produtiva e saudável. O quinto encontro, assim como o terceiro, foi um dos dias em que a turma esteve mais unida. Todos aceitaram bem as críticas e sugestões dos colegas em relação aos textos; e a discussão entre eles rendeu bons frutos que puderam ser compartilhados.

Caminhando para o final do encontro, os participantes que haviam passado a limpo as memórias nos entregaram seus textos. Os que não haviam terminado ficaram de nos enviar, até quarta, por e-mail, os textos reescritos. Dedicamos os 20 minutos finais do encontro para Loreta explicar as ferramentas para se entrar e se criar um blog, bem como sua função no Escrevivendo. Loreta comentou a função do blog no Escrevivendo, que é uma oficina de leitura e escrita para o cotidiano, com interface para blogagem e expôs, didaticamente, no Power Point os passos para se entrar e se criar um blog.

Para terminar, quero deixar um recadinho para vocês:
Sábado quem vem será o nosso último encontro. Entregaremos os textos de memórias corrigidos. Comentaremos as questões textuais relevantes e em seguida, veremos um filme do Bergman, surprese rsssss. Tragam doces, salgados, refrigerante, máquina fotográfica, etc, pois queremos fazer uma grande festa de encerramento!!


Abraços,


Recomendações do dia:
Escrevivendo Memórias Eróticas: http://escrevivendoeros.blogspot.com/

Escrevivendo “Memórias”: 2º Módulo – 4º Encontro

Conteúdos:
Continuação da leitura das memórias. Introdução à noção de coesão e coerência.
Discussão: Memórias, Coesão e Coerência.

Objetivos:
Promover a leitura e discussão das memórias. Debater sobre a relação entre o escritor e o texto, entre temas e figuras, marcas de subjetividade do enunciador presentes no enunciado, escolhas lexicais, etc.

Meus caros,
No quarto encontro, demos continuidade às emocionantes leituras das memórias. Como mediadores da oficina, propusemos aos escreviventes que, além de escutarem com a atenção as memórias, observassem as escolhas lexicais, a linguagem, o estilo da escrita de cada um dos colegas.
Pudemos destacar, neste dia, a leitura das memórias de Fernando sobre época de escola, de Carmelita sobre sua infância com a família, de Luzia sobre sua infância no Ceará, de Fabiana sobre a história de amor, aos moldes dos contos de fada, de seus avós... enfim, tantas histórias lindas, que renderiam- sem dúvida- uma grande novela ou romance!

O que nos chamou a atenção, nesse encontro, foi , sem dúvida, o grande número de memórias de infância lidas. Fizemos um debate sobre esta temática tão presente em seus textos. Por que a infância é um dos temas mais apreciados pelos escritores? O que há em comum entre as memórias lidas? Que palavras usamos para falar dessa temática? Como os sentidos se fazem presentes nestas memórias? Enfim, como vocês devem perceber, esse diálogo foi bem interessante, e rendeu boa parte do tempo! Aproveitamos o ensejo da discussão sobre memórias de infância, para citar escritores de nossa literatura. Citamos vários autores renomados, tais como: Manuel Bandeira, Casimiro de Abreu e Graciliano Ramos, que transpuseram à forma literária suas memórias de infância, seja no campo da prosa, seja no campo da poesia.

Saindo um pouco da literatura canônica, debatemos também a temática da infância no campo psicanalítico, em que se destaca figura Sigmund Freud, o pai da Psicanálise. Freud foi um dos teóricos que mais se interessou pelo universo infantil, estudando várias questões relacionadas à psique da criança, como o Complexo de Édipo. Citamos um texto de Freud intitulado “Algumas reflexões sobre psicologia escolar”, que relata as duas fases da infância e que casava muito bem com as memórias lidas. Ele relata que, na primeira fase da infância, a criança se espelha na figura do pai e que, na segunda fase, quando a criança está no período escolar, ela se espelha na figura do professor, que passa a desempenhar o papel de um “pai substituto”.

Finalmente, aproveitamos os textos produzidos para comentar sobre dois assuntos de grande relevância na escrita: a coesão e a coerência. Discutimos aspectos importantes em relação a esses dois conceitos, partindo das seguintes perguntas: O que é coesão? O que é coerência? O que faz um texto ser coeso? O que faz um texto ser coerente? Aprendemos mecanicamente coesão e coerência pela gramática normativa? Para debater com os alunos sobre o tema da coesão e da coerência, nos servimos do texto: “Coesão e coerência”, do site do Portal das Letras, que apresenta de forma bem didática a definição, os mecanismos de coesão e coerência, bem como exemplos em que eles aparecem. Vide endereço:
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=redacao/teoria/docs/coerenciaecoesao

É isso gente!!
Tenham uma ótima semana!! Não se esqueçam de trazer as memórias, pois aula que vem (06/12) teremos a troca dos textos em duplas!!
Abraços,


Recomendações do dia:
Porquinho da índia – Manuel Bandeira (vide blog)
Meus oito anos – Casimiro de Abreu (vide blog)


Bibliografia utilizada:
BARROS, Diana L. P de. Teoria semiótica do texto. São Paulo: Ática, 1994.
FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 1993.
FIORIN, José Luiz. Elementos de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2005.
_______________. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1997.
FREUD, S. “Algumas reflexões sobre a psicologia escolar” In: Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1974, p. 285 -288.
GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de redação. O que é preciso saber para bem escrever. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

Escrevivendo “Memórias”: 2º Módulo – 3º Encontro

Conteúdos:
Leitura e discussão das produções textuais: “Memórias de família”
Apresentação da convidada: Neuza Guerreiro de Carvalho (Vovó Neuza) Discussão: Memórias


Objetivos:
Estimular a leitura e a discussão das produções textuais dos participantes da oficina, bem como proporcionar uma reflexão sobre a relação entre memórias e o ato de escrever, por meio da interação com uma escritora especializada na temática.

Meus caros,
Recordar nosso terceiro encontro é trazer à tona um dos dias mais emocionantes de nossa oficina. As imagens daquele dia aparecem na minha mente de forma tão clara e tão límpida, que parece que tudo aquilo aconteceu hoje. Sentimos um mistura de várias emoções: alegria, tristeza, dor, compaixão, identificação com as memórias lidas. Pretendo, aqui, expor de forma breve e objetiva o que aconteceu naquele dia, para que os que os escreviventes fiquem interados.

A primeira parte da nossa oficina começou com leitura dos textos das memórias de família, que deixamos como produção escrita para casa. Cada um, a seu modo, optou pela leitura da própria memória ou que outro colega a fizesse, dada à carga de emoção depositada nos textos. Houve a leitura de vários tipos de memórias, que foram além das de família, tais como: a prosa poética de Dagoberto ao relatar o seu acidente, as férias da Angelina na casa de sua avó, as histórias do vovô Pedro contadas por sua neta Alexandrina, a história comovente da mudança de Clautides para São Paulo com sua família, a festa de noivado da irmã de Leandro, a ida de Luiz Fernando para o show da Hilary Duffy entre outras.

Cada um, por meio da memória do outro, pode se recordar dos momentos da sua infância, da sua adolescência, do seu primeiro amor, das perdas familiares, enfim, de momentos bons e ruins de suas vidas. Todas as histórias suscitaram muitas discussões e nos fizeram resgatar algo do nosso ser escondido no inconsciente. As discussões deram muito “pano pra manga” e deixamos uma parte das leituras para a aula seguinte, já que na segunda parte da oficina, contaríamos com a ilustre presença da vovó Neuza Guerreiro de Carvalho que abordaria, também, o tema Memória.

Vovó Neuza preparou uma bela apresentação da história do termo memória, no Power Point, começando pela exposição do mito grego de Orpheo e Euridice, passando pelo processo neurológico de sua construção e finalizando com a exposição do bauzinho das memórias de sua família, que gentilmente ela compartilhou conosco. Aprendemos muito nesta aula sobre esta temática! Soubemos que o termo memória faz referência à deusa grega Mnmosine; que a memória é base da personalidade do indivíduo; que existem maneiras de se falar sobre memória; que há bases anatômicas e fisiológicas de sua produção; que existem conceitos e tipos de memória e, principalmente, que a leitura está na base de sua ativação. Em suma, a discussão com a vovó Neuza foi bem produtiva. Discutiu-se a relação entre memória e o ato de escrever, a subjetividade inerente no ato da escrita e muito mais.

É isso pessoal!!
Não se esqueçam de trazer as memórias no próximo encontro, 29/11, pois daremos continuidade à atividade de leitura.
Abraços e uma ótima semana para todos!!


Recomendação do dia:
Blog da Vovó Neuza: http://vovoneuza.blogspot.com/